Entrevista com Ayrton Senna

AYRTON SENNA
provista por Ezequiel Ponce
Buenos Aires (AR), 23 Nov 2004

O jornal brasileiro O Estado de S. Paulo publicou no dia 20 de janeiro de 1994 uma entrevista com Ayrton Senna da Silva, na qual o astro paulistano falou sobre seus primeiros testes no time de Frank Williams.

ESTADO: Como você sentiu o Williams hoje?

SENNA: O carro funcionou muito bem. Todos os sistemas funcionaram sem problemas. O carro é veloz, tem um bom motor, a transmissão também é muito boa, embora não seja a definitiva, e os freios são bons, embora não sejam os ideais. Estou procurando aprender sobre o equipamento, no que diz respeito à parte mecânica e aerodinâmica, entre outras coisas. Consegui me adaptar melhor ao carro hoje e até melhorei o tempo. Como primeiro dia está muito bom.

ESTADO: Você já está se sentindo confortável dentro do carro?

SENNA: Ainda não está bom, ainda não me sinto bem dentro do carro, mas melhorou bastante. Os ajustes que estavam no carro foram feitos para o Damon Hill.

ESTADO: Como é pilotar o carro sem a suspensão inteligente?

SENNA: A retirada da suspensão afetou bastante o carro. Ele ficou mais lento e menos estável. Ele empina a frente, mergulha na freada, numa curva tira a roda do solo. É totalmente diferente.

ESTADO: A suspensão mecânica deixa o carro mais gostoso de dirigir?

SENNA: Não, porque ele fica mais lento e o prazer vem da velocidade. Além disso é mais desgastante de guiar, e mais perigoso, porque é menos estável.

ESTADO: Como está seu relacionamento com a equipe Williams?

SENNA: Está bem. A equipe trabalha bem, eles são esforçados e rápidos. O nível de responsabilidade e profissionalismo nas equipes de ponta é muito elevado. Sinto em todos eles o desejo de formar uma força no trabalho.

ESTADO: E em relação ao Damon Hill?

SENNA: Estamos trabalhando juntos e temos bom relacionamento. O único companheiro com o qual não me dei bem foi com o Prost.

ESTADO: O que falta fazer no carro para ele ficar bom?

SENNA: Ainda temos muito trabalho pela frente. Muitas coisas no carro precisam melhorar e a equipe está trabalhando nesse sentido. Esse motor é muito confiável, redondo. Desde o primeiro dia senti os pontos que precisam ser melhorados. Alguns ajustes já foram feitos e outros, feitos no carro do Damon Hill, serão feitos no meu até o final de semana, quando deverei estar com o motor novo, também. A suspensão é o que vai dar mais trabalho à equipe. É aí que devemos trabalhar, já que ela está ligada também com a aerodinâmica do carro.

ESTADO: O que você achou de seu tempo hoje?

SENNA: O tempo não era o mais importante, e sim conhecer o carro. Se fosse há seis anos eu iria pisar mais fundo no acelerador, mas hoje estou mais consciente. Não vou correr riscos desnecessários. A tentação de acelerar estava lá, mas é preciso ter autocontrole.


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